“Eu quero um layout bonito e não encontro isso no seu portifólio!”
Eu ouvi essa frase numa videoconferência de prospecção e que gerou um dos meus melhores aprendizados comerciais e de produção recentes!
Ok, o título parece ‘click bait’, mas não é, e eu vou explicar contando um caso real que aconteceu um tempo atrás aqui na Kamus.
Claro que eu vou deixar os nomes dos envolvidos de forma oculta por razões óbvias, mas acredite, você vai entender.
Vamos lá:
“Eu quero um layout bonito!”
A história começa com a indicação de um amigo para dois sócios de um determinado segmento que precisava de algum fornecedor para criar o site da empresa deles.
Vamos chamá-los de Cliente X e Cliente Y.
Eles entraram em contato comigo pelo WhatsApp, contei um pouco do meu trabalho e a minha experiência em projetos similares e logo marcamos uma videoconferência para conversarmos sobre o projeto.
Nos entendemos bem rápido, a conversa foi bastante simpática e depois de ouvir todas as necessidades da empresa e o momento em que ela passava no mercado, eu fiquei de pensar numa precificação para o projeto e no encontro virtual seguinte eu apresentei a proposta para eles.
O cliente X é o sócio comercial, e ele gostou muito da proposta, mas o Cliente Y, que é o operacional e lidava com o marketing da empresa, disse de forma bem direta:
“Cristiano, não me leve e mal, eu gostei muito de você, mas eu quero um layout bonito. Perdoe a minha sinceridade, mas eu olhei o seu portifólio e eu não achei nada do que eu esperava.
Nós adoramos a sua proposta, o preço está bem dentro da faixa de valor dos outros concorrentes e que estamos dispostos a pagar, mas o que você pode me dizer para atender a essa necessidade?”
Confesso que eu não esperava essa pergunta, mas da mesma forma que o Cliente Y, eu também sou bastante sincero, e respondi:
“Bom amigos, eu não vendo layout, eu vendo estratégia de comunicação e vendas num entregável, que no caso de vocês, é o site.
Mas lembrem-se, eu não faço um site sozinho.
Ele é reflexo direto da estrutura da empresa.
Se ela tiver um ponto fraco, é preciso se defender estruturando a empresa online, e nem sempre os empresários anteriores puderam se estruturar tão rápido assim ou até mesmo estavam dispostos a isso.”
Os dois se entreolharam e também ficou claro que eles não esperavam por essa minha resposta, e eu continuei.
“Claro que como designer, eu sou melhor e também pior do que muitos outros designers do mercado. Isso é normal e eu entendo vocês perfeitamente.
Mas o que eu posso garantir é que eu trabalharei para vencer a concorrência da empresa de vocês sendo o mais sincero possível mostrando aonde teremos que focar baseado na pesquisa e no planejamento da concorrência.
E o layout é consequência disso.”
E para deixá-los confortáveis financeiramente eu emendei uma nova proposta:
“Como esse ponto da nossa relação que está começando hoje, e que tem só o meu amigo que me indicou como parte da minha reputação, eu ofereço para vocês iniciarem essa relação, de que eu vou trabalhar na pesquisa e no planejamento do projeto para criar um wireframe e depois o layout de uma única página, que será o estilo do projeto.
Se vocês não aprovarem o layout dessa página, eu recebo 10% do valor da minha proposta atual para cobrir o custo do meu tempo nessa produção, e vocês podem usar esse relatório e o wireframe com um outro forncedor. Eu tenho certeza de que ele será muito útil.
Mas se vocês gostarem do meu layout, eu dou continuidade ao projeto com o valor da proposta atual.
O que vocês acham? É aceitável para vocês?”
Mais uma vez eles se entreolharam e ficaram de pensar, e perguntaram se eu poderia colocar essa ressalva no contrato. Eu disse que sim, e uma semana depois eu fui contratado e o layout na sequência da produção foi aprovado!
Aprendizado de ambos os lados
Assim que o layout foi aprovado e eu dei continuidade ao projeto, e ficou claro para o Cliente Y que o layout dependia muito da empresa.
Em vários momentos a produção engargalou na estrutura que eles não tinham frente a um ou mais concorrentes, e muitas decisões foram feitas a partir disso, influenciando o layout. Seja pela falta de um histórico de atuação da empresa, ou mesmo na inexistência de um serviço muito solicitado no segmento deles.
Tanto que o relato deles interno sempre foi muito estreito comigo na tomada de decisão e principalmente endossado pelo marketing da empresa.
Afinal, como diz Philip Kotler:
"Marketing não pode ser visto apenas como um setor, e sim como parte decisiva para o negócio."
De minha parte, eu também tive aprendizado, onde eu concluí que eu precisava mostrar esses detalhes de forma mais transparente, tanto no comercial, quanto na comunicação da Kamus. Afinal, essa necessidade certamente será de outros futuros clientes.
O resultado do projeto é que essa pesquisa e planejamento ajudou os meus clientes a criarem um layout que além de gostarem muito, mas acima de tudo, ajudaram a empresa deles a se estruturar, comunicar e vender melhor e mais os seus serviços.
Espero também ter te ajudado nesse relato.
Abraços e até a próxima.
Cristiano Santos
Designer web e fundador da Kamus