⚠️ Cuidado ao usar memes e trends
Quando eu era adolescente, eu frequentava a casa de um grande amigo meu, o Carlos Alexandre, pois as nossas famílias são muito amigas.
Era comum eu ir com seus pais visitar os seus familiares, participar de festas, ou eu levar o Carlos nos encontros da minha família.
Muitos dos ensinamentos dos nossos familiares mais velhos nos moldaram na época e um deles eu quero comaprtilhar com você.
Sempre que almoçava num domingo na casa do Carlos, o pai dele, o velho Mario, adorava jogar xadrez conosco depois do almoço. Não foi ele quem me ensinou a jogar, mas ele me ensinou COMO jogar!
Ele era inteligentíssimo, muito competitivo e estratégico.
Tanto que tinha o hábito de ler livros com técnicas de xadrez, jogadas de grandes jogadores mundiais e eu e o Carlos eram os seus ‘sparrings’! 😂
Um formato de jogo que nós usávamos na ópoca era se um jogador desse um cheque no adversário, ele só poderia mover o Rei.
Isso nem está na regra, alías, é exatamente o contrário!
Mas isso fazia o jogo ficar mais dinâmico, uma vez que privilegiava o ataque.
Mas o velho Mario argumentva que isso exercitava quem levava cheque a planejar melhor a sua defesa.
Ele dizia que enquanto você se defende depois de levar um cheque, o adversário avança com mais força para a vitória.
Mas se você tivesse armado uma defesa sólida ele teria muito mais dificuldade para atáca-lo.
Eu tinha entre 14 e 18 anos e esse ensinamento está comigo até hoje, mesmo agora atuando como designer web!
Até mesmo no tema central desse conteúdo.
Duvida? Vamos lá que eu te explico!
Com certeza essa semana você viu o caso da sobrinha que levou o tio morto na cadeira de rodas numa agência bancária para fazer um empréstivo de 17 mil reais.
A notícia se espalhou rapidamente e logo foi parar nos ‘trends topics’ do X (antigo Twitter) e outras redes sociais como um dos assuntos mais comentados e dentre os termos mais usados na rede social foram “Um morto muito louco”, “Sugar dad” entre outros.
O comediante Fábio Porchat fez mostrou como isso teria acontecido simulando com uma idosa da plateia no programa Encontro da Rede Globo.
A história se espalhou e o caso foi noticiado inclusive no estrangeiro, também como piada, e claro, algumas marcas embarcam em publicações com o assunto.
E eu nem preciso dizer que isso é bem degradante para alguém que provavelmente morreu no caminho à agência bancária sem dignidade nenhuma não é mesmo?!
Agora você deve estar se perguntando qual é a correlação disso tudo?
Como eu disse nos meus últimos textos por aqui, as coisas estão mudando muito rápido e analisar tudo que acontece com equilíbrio e muita atenção é fundamental, não só para nós pessoas, mas como para as nossas marcas também.
Se uma marca decide lançar um meme, ou participar de um assunto que está bombando nos ‘trends’ de redes sociais, ela precisa se atentar ao possível efeito negativo que isso possa causar nela.
Um exemplo foi o caso recente do Clube Vasco da Gama que publicou uma foto de um indígena com a Cruz de Malta (símbolo do clube) pintado no rosto em homenagem ao Dia do Índio.
Rapidamente a publicação recebeu uma chuva de críticas por conta da relação infeliz entre o indígena e o país colonizador do nosso país.
O clube apagou a publicação e usou uma foto de um outro indígena se retratando da ação anterior, mas aí a polêmica já estava instaurada.
E lembrando o ensinamento que eu tive com o velho Mario, essa ação foi como se a marca tivesse recebido um cheque no xadrez. Ela precisou ficar se defendendo refazendo a publicação, se justificando por sua atitude.
O resultado pode não ser negativo a médio e longo prazo para a clube.
O Vasco não vai perder sócio-torcedor nem o público vai deixar de ir aos jogos ou comprar os seus produtos licenciados por conta dessa escorregada, mas deixa a marca vulnerável durante um tempo para críticas de torcedores de todas as matizes.
Mas isso não significa que a sua marca não pode participar de memes ou temas de trends!
Não, muito pelo contrário!
Usar temas mais populares aumentam o alcance, uma vez que o público tem mais aderência com esse tipo de publicação.
A pergunta que você tem que ter em mente é:
A minha marca tem conhecimento sobre o tema?
Vale mesmo à pena participar desse assunto?
Como esse tema ajuda a minha marca?
Há apelo sensível ou delicado com o público?
De posse dessas respostas, a sua marca pode aderir a ação ou entender que precisa focar noutro tema.
E como eu sempre digo, para saber todas essas respostas é preciso pesquisar e planejar qualquer ação.
Afinal, você não vai querer que a sua marca leve um cheque não é mesmo?!
Abraços,
Cristiano Santos
Designer web e fundador da Kamus.